2006/04/14

ÊXTASE


No princípio foi a noite, o apelo da carne, o frémito, a embriaguez dos sentidos e da vontade.

No princípio foi a carícia fácil, luxuriosa, lívida e, no entanto, falsa, sem sentido, objectivo ou conteúdo.

No princípio foi o grito, o corpo, o sangue a ferver, a alienação da vontade, a frase solta, dita e não sentida.

No fim foi um Sol a nascer acinzentado, o tédio, o desencanto, o amargo de boca, o vazio, o negro e o silêncio.


No fim, a manhã foi uma realidade muito fria, marcada como culpa, cravada como nódoa e incómoda como a dor que se instalou no fundo anestesiado do meu ser.


Lisboa, 10 de Setembro de 1983
Eduardo Ramos de Morais

1 comentário:

La Manyosa disse...

Por favor dejeme saber que le parece esta pagina....http://www.lamanyosa.com/leyenda.htm