Havia algo que me atraía para o Abismo, alguma coisa me impelia a saltar como desejo de morte e anseio de vida, os sentimentos empastelados de partida e de chegada.
Sentia nas costas o lugar das asas de outros tempos, os voos de irrealidade, as imagens de um universo por descobrir e, ao mesmo tempo, tão conhecido.
Mas agora estava preso aqui por amarras pesadas, resistentes aos ventos que me queriam fazer navegar rumo ao caos e percorrer caminhos que me estavam vedados, rotas de naufrágio destinadas ao fracasso.
Não, eu agora era apenas eu, o anjo ficara lá, com as suas asas, a sua espada flamejante na mão, uma rosa intemporal desenhada no peito e uma Luz a assinalar o seu ombro esquerdo.
Eu agora era apenas isto, com os cabelos desgrenhados pelo vento, a alma em chaga e um desejo de infinito que teimava em me atrair para o abismo e para outros destinos.
Sabia que a torre de menagem, aquela torre pentagonal protegia o meu dia, chamava-me à razão e reunia, como Isis, os pedaços de mim quando me destroçava em voos demasiado violentos.
A minha Torre, sempre presente, sempre ali, como consciência, como refúgio, como raiz.
Se ali não estivesse eu não saberia como viver, mas encerrava enigmas que mal compreendia e mal aflorava, eu não poderia viver sem a minha Torre, porque sem ela eu já teria saltado para o abismo.
A minha Torre era tão minha que ás vezes me esquecia que ali estava, mas simultaneamente era tão impenetrável como a dura pedra de que era feita.
E o abismo continuava ali a chamar-me, com uma voz de sereia, uma imagem de um outro eu e a parte que já tivera e me faltava.
O abismo chamava-me como se ainda tivesse as minhas asas e pudesse saltar incólume para um vórtice de tempo que não era o meu.
A aventura do abismo como sinal de liberdade, a segurança da Torre como símbolo de amor total e estabilidade.
E eu era agora apenas isto, sem asas sem espada, sem a rosa mística, apenas a Luz brilhava mortiça sobre o meu ombro esquerdo, à espera de ser merecida e alcançada.
Talvez o Céu já não se lembrasse de mim, tantos erros haveriam de ter tido alguma consequência, perdera as minhas asas, o meu sonho, a minha palavra e agora estava aqui, entre a Torre e o Abismo, entre a vida e a morte, entre o imaginário e o real, entre mim e eu.
Eu era agora apenas isto, estava retirado para um mar interior onde ainda vinham voar algumas gaivotas, para me recordar aquele lugar de asas e infinitos para onde o tempo me vai um dia levar.
Sentia nas costas o lugar das asas de outros tempos, os voos de irrealidade, as imagens de um universo por descobrir e, ao mesmo tempo, tão conhecido.
Mas agora estava preso aqui por amarras pesadas, resistentes aos ventos que me queriam fazer navegar rumo ao caos e percorrer caminhos que me estavam vedados, rotas de naufrágio destinadas ao fracasso.
Não, eu agora era apenas eu, o anjo ficara lá, com as suas asas, a sua espada flamejante na mão, uma rosa intemporal desenhada no peito e uma Luz a assinalar o seu ombro esquerdo.
Eu agora era apenas isto, com os cabelos desgrenhados pelo vento, a alma em chaga e um desejo de infinito que teimava em me atrair para o abismo e para outros destinos.
Sabia que a torre de menagem, aquela torre pentagonal protegia o meu dia, chamava-me à razão e reunia, como Isis, os pedaços de mim quando me destroçava em voos demasiado violentos.
A minha Torre, sempre presente, sempre ali, como consciência, como refúgio, como raiz.
Se ali não estivesse eu não saberia como viver, mas encerrava enigmas que mal compreendia e mal aflorava, eu não poderia viver sem a minha Torre, porque sem ela eu já teria saltado para o abismo.
A minha Torre era tão minha que ás vezes me esquecia que ali estava, mas simultaneamente era tão impenetrável como a dura pedra de que era feita.
E o abismo continuava ali a chamar-me, com uma voz de sereia, uma imagem de um outro eu e a parte que já tivera e me faltava.
O abismo chamava-me como se ainda tivesse as minhas asas e pudesse saltar incólume para um vórtice de tempo que não era o meu.
A aventura do abismo como sinal de liberdade, a segurança da Torre como símbolo de amor total e estabilidade.
E eu era agora apenas isto, sem asas sem espada, sem a rosa mística, apenas a Luz brilhava mortiça sobre o meu ombro esquerdo, à espera de ser merecida e alcançada.
Talvez o Céu já não se lembrasse de mim, tantos erros haveriam de ter tido alguma consequência, perdera as minhas asas, o meu sonho, a minha palavra e agora estava aqui, entre a Torre e o Abismo, entre a vida e a morte, entre o imaginário e o real, entre mim e eu.
Eu era agora apenas isto, estava retirado para um mar interior onde ainda vinham voar algumas gaivotas, para me recordar aquele lugar de asas e infinitos para onde o tempo me vai um dia levar.
Pinhal Novo, 4 de Abril de 2004
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